9 meses
Hoje escrevo-vos do coração.
Há nove meses (39 semanas menos 1 dia) tive um dos dias mais difíceis da gravidez. E os dias que se seguiram não foram melhores.
Todas as gravidezes são diferentes. Todos os partos são diferentes. E todos os pós partos são diferentes também. Eu não soube reagir a toda a mudança avassaladora de então.
Há 39 semanas menos 1 dia senti que a minha capacidade de continuar a carregar a Leonor estava a chegar ao fim. Senti-me gorda, feia, inchada e pesada. Chorei, chorei muito. À noite tirei uma foto à barriga, já não o fazia há uns dias, e fui dormir. Durante a noite as águas rebentaram. Não soube o que fazer. Acordei a Daniela e deixei que ela me guiasse. A hora de conhecer a Leonor estava a chegar e por muito que eu me tivesse preparado, eu não sabia o que fazer.
Preparam-nos para tanta coisa durante a gravidez. Ensinam a respiração e exercícios para o parto. Ensinam a dar banho. Ensinam a amamentar. Ensinam isto e aquilo. Mil e uma coisas. Mas e o pós parto? Não ensinam a superar o sentimento de “barriga vazia”. Não ensinam a conjugar toda a mudança dali para a frente. Não ensinam a ganhar forças quando dormimos apenas 2 horas por noite. Não ensinam a sentirmos que servimos para alguma coisa para além de amamentar. Não ensinam a respirar quando nos sentimos com o mundo em cima, carregando nos braços o melhor das nossas vidas. Não ensinam a superar uma depressão pós parto. Não a tive. Por pouco.
Ninguém nos ensina a superar o vazio que sentimos, a insegurança da maternidade e as dores físicas e emocionais.
Há 9 meses nasceu o maior amor da minha vida, aquele que indubitavelmente será para sempre. É a maior alegria que tenho e toda a minha força, toda a minha energia é para ela.
É difícil ser mãe. É difícil ser esposa. É difícil ser mulher. É difícil ser dona de casa. Mais difícil ainda é conjugar tudo isto. Mas tenho sempre uma certeza, estou a dar o meu melhor.
Já tem 4 dentinhos e mais 3 a nascer. Já gatinha. Já se põe de pé com a maior das facilidades. Já palra 80% do dia. Já dorme sem ser ao colo. Já dorme umas 14 horas por dia. Já come tudo e mais alguma coisa e mais houvesse. E já diz “mamã” e “mam”. Mas ainda não adormece sem um embalo. Não me chateio nada. Lá chegaremos.
Escrevi-vos do coração. Obrigada por lerem e por estarem desse lado.
Isabel